quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A Superlotação das salas de aulas: suas implicações no PEA





 João Pedro Wing[1]

    



 
Resumo

O presente trabalho tem como objecto de estudo as implicações pedagógicas da superlotação das salas de aulas, na Escola Secundária e Comunitária Vyaka Sabini de Nangololo – Muidumbe, com objectivo geral de conhecer as implicações pedagógicas da superlotação das salas de aulas, e específicos: Identificar os factores da superlotação das salas de aulas e as implicações no PEA; Analisar as implicações da existência de salas superlotadas e Explicar as implicações da superlotação no PEA na Escola Secundária e Comunitária Vyaka Sabini de Nangololo. A Escola apresenta um rácio aluno/professor ȧ acima do desejado se tivermos em conta a recomendação da UNESCO, 2012. Chegando a ter 70 a 100 alunos por turma. A metodologia de trabalho preferenciou-se no levantamento bibliográfico para a combinação de informações que conciliaram de forma efectiva, execução do trabalho de campo, com base na abordagem qualitativa. Foram investigados Alunos, Professores e Directores Adjuntos Pedagógicos com uma amostra de 60 pessoas da Escola acima citada. Os dados revelaram-nos que a motivação dos professores para ensinar é influenciado por número de alunos existentes em cada turma e a aprendizagem deste é bastante influenciado pela motivação do professor bem como pela relação professor/aluno. Com o número maior dos alunos nas salas de aulas, provoca o fracasso escolar dos alunos, o incumprimento das actividades escolares e a desatenção dos alunos. Conclui-se que o grande factor face a superlotação é a falta das condições financeiras e ausência de estratégias para uma participação democrática junto do conselho de escola.
Palavras-chave: A Superlotação. Sala de aulas. Alunos. Professores e Escola.

Abstract

The present work sought to know the pedagogical implications of the overcrowding of the classrooms, at the Vyaka Sabini Secondary School in Nangololo - Muidumbe. The School has a student / teacher ratio ȧ above the desired level if we take into account the UNESCO recommendation, 2012. It has 70 to 100 students per class. The work methodology was preferred in the bibliographic survey for the combination of information that effectively reconciled, field work execution, based on the qualitative approach. Students, Teachers and Assistant Pedagogical Directors were investigated with a sample of 60 people from the School mentioned above. The data showed that the motivation of the teachers to teach is influenced by the number of students in each class and their learning is strongly influenced by the teacher's motivation as well as by the teacher / student relationship. We also note that the major factor in the face of overcrowding is the lack of financial conditions and the absence of strategies for democratic participation in the school council.
Keywords: Overcrowding. Classroom. Student. Teachers and School.

Considerações iniciais
Moçambique é um de tantos países no mundo com baixa qualidade de ensino, aponta-se vários factores, dentre tantos a superlotação das salas de aulas. Este fenómeno tem influenciado negativamente o processo de ensino e aprendizagem em Moçambique. Algumas Escolas do nível primário e secundário geral chegam a absorver cerca de 93 a 103 alunos por turma.
Com isso surgem as reclamações na parte dos professores pelo facto de haver muitas dificuldades na transmissão da matéria, por causa de muito barulho na sala de aula, muitas brincadeiras, muita movimentação dos alunos, muitas conversas desnecessárias, muita agitação, lutas em plena aula, e isso criava o desinteresse pelas actividades escolares, levando assim o incumprimento das catividades escolares.
Com elevado número dos alunos nas salas de aulas, o professor leva muito tempo para passar num assunto na tentativa de fazer entender a todos os alunos. E também verifica-se dificuldade de interacção do aluno – professor, pois, um professor está para 103, tornando-se difícil acompanhar todos os alunos e com o agravante de adoptar estratégias para lidar com salas numerosas.
Abordar o fenómeno de superlotação das salas de aula visa despertar aos protagonista da acção educativa a adoptar estratégias que visam minimizar o fracasso escolar.  
O presente trabalho pretendia conhecer as implicações da superlotação das salas de aula no PEA, na Escola Secundaria Vyaka Sabini de Nangololo - Muidumbe, no período de 2017-2018, visto que,  é uma das tantas Escolas que se destaca pela desagradável e preocupante situação de superlotação das salas de aulas. Para operacionalização do objectivo geral, a pesquisa teve os seguintes objectivos específicos, Identificar os factores da superlotação das salas de aulas e as implicações no PEA; Analisar as implicações da existência de salas superlotadas; Explicar as implicações da superlotação no PEA na EPC Sede de Montepuez

Sala de aulas

Sala de aula é um lugar em que aprendizagem é apenas organizada de modo a tornar-se livre em outros ambientes (Pilette, 2004).
Na óptica de Novelli (1997), o espaço da sala de aula não somente resulta da relação professor - aluno, mas também age sobre tal relação condicionando-a e domesticando-a. Não poucas vezes professor e aluno ocupam esse espaço automaticamente.
Acerca de superlotação, as salas com muitos alunos prejudicam o desempenho de quem tem dificuldades para aprender. Turmas muitas pequenas reduzem o convívio, o que também não é bom. Assim sendo, nota-se uma necessidade de diminuir o número de alunos nas turmas observadas, isto para melhorar o processo de ensino e aprendizagem.

O sistema nacional de educação em Moçambique depara-se com a questão de turmas numerosas, nas zonas urbanas, onde numa turma no ensino primário e secundário chega a atingir uma média de igual ou superior a 90 alunos. Este cenário acontece numa altura em que o método de ensino para uma aprendizagem significativa devem ser centralizado no aluno. 
Alguns autores como Libanêo (1999), asseguram que o método expositivo utilizado de forma técnica mais recomendada para uma aprendizagem centrada no aluno. Ajuda no aluno a desenvolver a sua consciência critica, no momento em que o professor, Ilustra a partir de cartazes, explica e explica os conteúdos dando espaço para participação.
Com turmas numerosas é menos provável o professor conhecer ou identificar as necessidades singulares dos alunos no processo de ensino e aprendizagem e ser mais prestativo.
Contudo, embora muitos profissionais da área da educação apontem a realidade pedagógica aqui apresentada como extremamente indesejável e considerem praticamente impossível desenvolver um trabalho que permita, de facto, a construção do conhecimento em turmas numerosas, Ur (1996), aponta uma nova perspectiva na qual o tamanho da turma não é um factor determinante, o mais importante é a maneira como a aula é estruturada e organizada, ou seja, a preparação da aula e os métodos de ensino são mais importantes que o tamanho da turma em si.
De acordo com este autor as turmas numerosas devem ser vistas como mais desafiadoras e interessantes de se leccionar, e proporcionam maiores oportunidades para criatividade, inovação e desenvolvimento profissional em geral.
Para Ur (1996), é valido destacar que as turmas numerosas exigem mais do que qualquer outra situação didáctica, metodologias que favoreçam as trocas, a iniciativa e a autonomia, ter objectivos explícitos para a aula e expectativas sobre os resultados dos alunos, motivar os alunos e recorrer a diversos meios de ensino e aprendizagem. Este autor enfatiza que mais do que o número de alunos em uma turma, o que importa de facto, é o que se passa em sala de aula, ou seja, o modo como o processo de ensino-aprendizagem é conduzido.
Sistema Nacional de Educação

        Tendo em conta as opções políticas no sector educativo que foram determinantes nas práticas educativas incluindo a evolução da população estudantil no sistema, dividimos o período em análise em quatro principais momentos designadamente:
  1. Momento imediatamente anterior à independência nacional;
  2. Momento da implementação das primeiras reformas no sector após a proclamação da independência nacional 1975-1983;
  3. Momento no qual vigora o primeiro Sistema Nacional de Educação (1983-1992), e
  4. O momento em que se implementa o novo e o actual sistema de educação (1992-2014), que funciona tendo presente as intervenções de políticas de organismos internacionais que velam pelo sector da educação (Mofate, 2017: 44).
          Embora o período de luta armada e que é anterior à independência nacional não constitua parte do nosso horizonte temporal nesta abordagem, consideramos importante resgatar o que caracteriza a educação nessa fase da História de Moçambique para a compreensão do percurso educativo que se constrói a posterior. O primeiro aspecto a referir é que ainda não tinha sido possível construir um sistema de educação que fosse totalmente novo e alternativo ao sistema colonial, durante a luta armada.
        Assim, a educação deveria jogar um papel central em termos da formação do homem. O objectivo determinado pela “Lei sobre as Linhas Gerais do Sistema Nacional de Educação” (Lei nº 4/83, de 23 de Março - Artigo 4), aprovada pela Assembleia Popular que norteia a criação do Sistema Nacional de Educação, sumariza o papel que a educação deveria desempenhar, nos seguintes termos:
     O Sistema Nacional de Educação tem como objectivo central a formação do homem novo, um homem livre do       obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista, nomeadamente a unidade nacional, o amor à Pátria e o espírito do internacionalismo proletário; o gosto pelo estudo, pelo trabalho e pela vida colectiva; o espírito de iniciativa e o sentido de responsabilidade; a concepção científica e materialista do mundo; o engajamento e contribuição activa com todos os seus conhecimentos, capacidades e energia na construção do socialismo (Mofate, 2017: 44).
        Além dos aspectos plasmados no objectivo acima citado e que na essência defendem a produção de cidadãos dotados de valores socialistas, o Novo Sistema de Educação deveria em termos de objectivos educativos garantir a eliminação do analfabetismo, introduzir uma escolarização universal e obrigatória até sete primeiras classes, intensificar a formação técnica de quadros para o aparelho do estado e para as fábricas e os grandes projectos económicos.
       É a partir daqui onde começa o problema de superlotação das salas de aulas, pois houve aqui essa luta de escolarizar obrigatoriamente as crianças nas primeiras classes. É na base do sistema de educação sobre o qual acabamos de nos debruçar que o sector de educação vai funcionar num contexto social e político bastante turbulento em termos de estabilidade.

Massificação da escolarização obrigatória e as origens do problema de turmas grandes

      Durante os últimos 40 anos o estado moçambicano tem procurado assegurar um sistema de educação que abranja todos os cidadãos, desígnio que a Constituição da República consagram, definindo a educação como um direito e um dever de todos os moçambicanos. E na base deste princípio, funciona todo o sistema de ensino em Moçambique.
      Em relação a superlotação, refere-se a existência apenas de uma Escola (5ª a 9ª classes), fundada em 1964 e que funciona num primeiro momento, no Instituto moçambicano em Dar-ES-Salam Tanzânia, com 120 alunos, e a partir de 1970, em Bagamoyo ainda no território tanzaniano, com cerca de 133 estudantes (Castiano, Nguenha e Berthuod, 2005).

      Nessas escolas, “em média, há um professor para cada 80 a 100 alunos” (Castiano, Nguenha e Berthuod, 2005: 39).

     Embora não haja informação detalhada sobre as dimensões numéricas das turmas, sobretudo a que diz respeito a Escola, conseguimos ter uma imagem relativa aos primórdios do problema de turmas grandes em Moçambique.
     No entanto, o aumento do número de alunos no sistema de ensino conheceu uma certa estagnação em termos de novos ingressos nos finais da década de 80 e princípios de 90 (Mofate, 2017).

      Conforme temos vindo e a frisar, a estagnação verificada no sector de educação em termos de avanços, deveu-se em grande medida aos efeitos da guerra civil que assolou o país durante 16 anos.
      A década de 90 inicia com discursos de política educativa que reforçam a ideia de colocar à disposição de todos os cidadãos os serviços de educação. Trata-se do discurso sobre a Educação para Todos que emerge no início da década de 90, em resultado da Declaração da Conferência Internacional de Educação realizada em Jomtien em 1990, na qual os estados participantes incluindo Moçambique comprometem-se a criar um sistema de educação que inclui a todos (MINED, 1998).

       É nesse âmbito que a Resolução nº 8/95, que estabelece a Política Nacional da Educação, reforçando a orientação da massificação da educação e da promoção de educação para todos, relembra o posicionamento do Estado e do Governo moçambicanos sobre o acesso dos cidadãos à educação, nos seguintes termos:
    A política Nacional de Educação é de assegurar o acesso à educação a um número cada vez maior de utentes e de melhorar a qualidade dos serviços prestados em todos os níveis e tipos de ensino. Pretende-se massificar o acesso da população à educação e fornecer uma educação com uma qualidade aceitável, isto é, uma educação com um conteúdo apropriado e um processo de ensino-aprendizagem que promova a evolução contínua dos conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, de modo a satisfazer os anseios da sociedade. (MINED, 1998: 176).

O MINED (2013), através do seu Plano Estratégico (2012-2016) reconhece o aumento quantitativo da população estudantil nas duas últimas décadas.
Este aspecto fez com que o número de alunos no sistema, passasse de um pouco mais de 1,5 milhões na década de 90 para mais de seis milhões. Os sucessos logrados, são em larga medida, resultantes das reformas introduzidas no sistema educativo sobretudo no ensino primário, com destaque para a provisão do livro escolar gratuito, a abolição das taxas de matrícula, a introdução do novo currículo no ensino básico, a construção acelerada das salas de aula, a reforma do programa de formação de professores e a introdução do programa Apoio Directo às Escola (Mofate, 2017).
O governo continua a acreditar que o acesso universal à escola primária pode:
1.      Contribuir para a redução da pobreza, uma vez que a aquisição de conhecimentos académicos básicos irá permitir que haja cada vez mais moçambicanos com oportunidades de emprego e meios de subsistência sustentáveis;
2.      Permitir a dinamização do sector económico no contexto da globalização e de emergências de economias exigentes em termos tecnológicos;
3.      Assegurar que haja equidade no sistema educativo;,
4.      Permitir uma educação necessária aos cidadãos para o efectivo exercício da cidadania e que tenham um sentido crítico considerado como elemento essencial para a protecção das instituições democráticas (MINED, 2013).
Com efeito, a educação produz as sociedades de hoje e do amanhã, contribuindo para a construção e evolução do pensamento sociopolítico, económico e cultural das gerações.
É verdade que, no contexto do país, manter como normativo os referidos números de alunos por turma abre espaço para que mais jovens tenham a justa oportunidade de continuar os seus estudos, após a conclusão do ensino básico, desígnio que, aliás, vai ao encontro das políticas internacionais que apelam à promoção de uma educação para todos.
No entanto, ao não se identificarem com exactidão e clareza crítica os problemas associados à universalização do ensino, nomeadamente o problema da dimensão das turmas, nos contextos políticos, sociais, económicos e demográficos já referidos, não serão criados os meios que os possam ir minimizando.

Para Fernández (1998), o processo de ensino - aprendizagem é uma integração dialéctica entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial contribuir para a formação integral da personalidade do aluno.
“Qualquer disciplina pode ser ensina efectivamente com alguma honestidade intelectual a qualquer criança em qualquer estádio de desenvolvimento” (Mwamwenda, 2009, p.185).
Mas com o elevado números dos alunos na sala de aulas, o ensino não é efectivo e não há controlo e acompanha das crianças no seu desenvolvimento. Pois, hoje nas escolas verifica-se um grande aumento considerável de alunos nas salas de aula, o que acaba por ser uma das grandes dificuldades de aprendizagem para os alunos.
A metodologia da Pesquisa
A metodologia de trabalho preferenciou-se no levantamento bibliográfico para a combinação de informações que conciliaram de forma efectiva, execução do trabalho de campo e é de natureza qualitativa.
Participantes
A amostra foi constituída por 60 pessoas, da Escola Secundária e Comunitária Vyaka Sabini de Nangololo – Muidumbe, que compõe Alunos e Professores de ambos sexos da 8a a 12a classes, Director e Adjunto pedagógico.
Instrumentos
Na recolha dos dados foi utilizado o inquérito como instrumento apoiando – se na observação directa.
Procedimentos
Primeiramente foi realizado um contacto com a escola investigada tendo o mesmo sido formalizado através de uma credencial onde se apresentava o objectivo do estudo e se solicitava autorização para a sua realização. Seguidamente foram contactados os alunos e professores, que também lhes foram apresentados os objectivos da pesquisa acompanhada de um pedido de colaboração no processo de recolha de dados.
Apresentação dos Resultados
Apresentação do inquérito aplicado aos alunos
O questionário dirigido aos alunos com uma amostra de 28 e todos responderam e obteve-se os resultados a seguir apresentados.
Para a pergunta 1: que pretendia saber se ouviu uma vez a falar de superlotação? Todos responderam sim, o que corresponde 100%.
Para a pergunta 2:que pretendia saber o que entendes por superlotação? Todos responderam que superlotação é uma turma com maior número de alunos acima de normal, correspondente a 100 %.
Para a pergunta 3: que pretendia saber si sabiam com quantos alunos numa sala pode ser considerada superlotada? Dentre os vinte e oito (28) questionados, Desaseis (16) responderam que parte de 55 em diante, correspondente a 54%, Onze (11) responderam que parte de 46 em diante, correspondente a 36%, Um (1) respondeu que parte de 60 em diante, correspondente a 10%, e 100 em diante ninguém optou esta opção correspondendo assim 0%. Que equivale a 100%.
Para a pergunta 4:que pretendia saber como se aprende numa sala superlotada? Todos disseram que aprendem com dificuldades.
                                                             Para a pergunta 5: que pretendia saber quais são as dificuldades que se enfrentam numa sala superlotada? Dentre os vinte e oito (28) alunos, dez (10) disseram que a sala superlotada a grande dificuldade é o barulho dos alunos, correspondente a 40%, dez (10) disseram que a sala superlotada o grande problema é dificuldade de percepção dos conteúdos, correspondente a 40% e oito (8) disseram o grande problema é o fraco aproveitamento pedagógico, correspondente a 20%. Que equivale a 100%.
          As respostas que adquirimos com os nossos alunos inqueridos da Escola em estudo, podemos afirmar que todos estão bem informados em relação a superlotação das salas de aulas, pois a maioria as suas respostas coincidem. As suas respostas centraram mais nas dificuldades de aprendizagem e Elias (1997), fundamenta que o excesso de alunos em salas não gera qualidade, pelo contrário gera aprendizado ineficiente. Tratar da qualidade educacional sem debatermos este problema em nossas escolas, e tentar tapar o sol com a peneira.
Apresentação do inquérito aplicado aos Professores
O inquérito dirigido aos professores com uma amostra de 30, todos respondera e obteve-se os resultados a seguir apresentados.
Para a pergunta 1: que pretendia saber se trabalhou uma vez com a sala superlotada? Todos responderam sim, o que corresponde 100%. Com esta resposta, podemos afirmar que quase todas as salas da Escola, são superlotadas pois todos os professores trabalham nas salas superlotadas.
Para a pergunta 2: que pretendia saber que meios e acções usavam para ensinar os seus alunos? Dentre os trintas (30) professores questionados, quinze (15) responderam que dependia de cada actividade de programa, correspondente a 50%, dez (10) responderam que davam as tarefas grupais, individuais e independentes, correspondente a 40% e cinco (5) respondeu que depende das circunstâncias da aula, correspondente a 10%. Que equivale 100%.
          Para a pergunta 3: que pretendia saber o que pode influenciar a superlotação das salas de aulas no desenvolvimento das crianças? Dentre os trintas (30) professores inquiridos, vinte e seis (26) responderam que a grande influencia é a fraca participação activa das actividades e fraco aproveitamento pedagógico, correspondente a 80%, quatro (4) responderam que os alunos desenvolvem agressividades, correspondente a 10%. Que equivale 100%.
          Para a pergunta 4: que pretendia saber quais são os problemas, que são enfrentados e encontrados numa sala superlotada? Dentre os trintas (30) professores inqueridos, dezanove (19) responderam que há fraca participação activa das actividades, falta de domínio dos alunos e incumprimento das actividades, correspondente a 70%, Onze (11) responderam que há desentendimento, barulho e desatenção, correspondente a 30%. Que equivale 100%.
Nesse caso, podemos basear na ideia de Gómez (2000), que diz: a qualidade de actuação do professor é necessária a participação efectiva e conjunta da escola, junto da família, do aluno e profissionais ligados à educação, de forma que entenda os problemas do educando.
Todos professores foram inqueridos, correspondendo assim 100%. Segundo as palavras dos professores, diante de uma sala superlotada, não dá para abraçar todos os alunos. Então ele escolhe os melhores e abandona aqueles que mais precisam de atenção. O resultado é uma educação de má qualidade, quando se considera a sala como um todo. Muitos alunos terminam o primeiro ciclo do fundamental não alfabetizado.
Freire (1996), enfatiza que:
O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. Logo, o professor deixará de ser o “dono do saber” e passará a ser um orientador, alguém que acompanha e participa do processo de construção e das novas aprendizagens do aluno em seu processo de formação.
É por essa razão na resolução dos problemas ou conflitos, solicita os pais e encarregados e educação junto com a direcção da escola.
Apresentação do inquérito aplicado aos Directores Adjuntos Pedagógicos
O inquérito dirigido aos Directores Adjuntos Pedagógicos com uma amostra de 2, todos respondera e obteve-se os resultados a seguir apresentados.
Para a pergunta 1: que pretendia saber se a escola tem as salas superlotadas? E como se caracterizam? Dentre os dois (2) Dirigentes questionados, todos responderam sim tem, o que corresponde 100%.
Para a pergunta 2: que pretendia saber se quais são os principais factores de superlotação das salas de aulas? Todos deram a mesma resposta que é falta de salas de aulas suficientes, corresponde 100%.
Para a pergunta 3: que pretendia saber quais são as queixas mais frequentes, oriundas das salas superlotadas? E como se resolve? Dentre os dois (2) Dirigentes questionados, Um (1) respondeu o seguinte: má percepção da matéria de ensino ao lado dos alunos e fraco aproveitamento pedagógico, correspondente a 50% e outro (1) respondeu que a grande queixa é indisciplina dos alunos nas salas de aulas e a resolução tem sido a colaboração entre o professor, direcção e os encarregados de educação, correspondente a 50%. Que equivale 100%.
            Para a pergunta 4: que pretendia saber que perspectivas a escola tem sobre a problemática? Todos responderam a mesma coisa, aumentar as salas de aula, correspondente a 100%.
            Analisando as respostas fornecidas pela Direcção, principalmente Directores Adjuntos Pedagógicos, podemos afirmar que, o que causa a superlotação das salas de aulas é a falta das condições financeiras para aumentar as salas de aulas, pois só são poucas salas e os alunos são muitos. Os dirigentes estão cientes no que está acontecer na escola mas lhe falta as condições para certificar.
Interpretação da observação feita aos alunos e os professores
O primeiro ponto que foi observado, sobre o comportamento dos professores diante dos alunos nas salas de aulas, fomos notar que os professores estão cientes nas suas actividades, estão a tentar tudo por tudo, usando todas as formas para minimizar a problemática. O comportamento dos professores perante os seus alunos na sala de aula é temporal, isto é, os professores agem segundo o comportamento que os alunos apresentam em cada dia. Os professores perante estes tipos de comportamento tentam minimizar usando os castigos e as punições.
            Já ao segundo ponto sobre interacção professor aluna, fomos notar que com o número maior da sala de aulas, dificulta a transmissão de conhecimentos e interacção na sala de aula. E no ultimo ponto sobre consequências de superlotação, constatamos que as salas superlotadas, promovem ma qualidade de ensino e aprendizagem por falta de motivação e acompanhamento, isto é, os professores escolhem os melhores e abandona aqueles que mais precisam de atenção. Com isso muitos alunos terminam o primeiro ciclo do fundamental não alfabetizado.
Discussão e considerações finais
A pesquisa tinha como objectivo identificar os factores que influenciam superlotação e suas características na Escola Secundária e Comunitária Vyaka Sabini de Nangololo – Muidumbe e segundo os resultados obtidos, os factores de superlotação das salas de aulas nessa escola são: falta das condições financeiras e insuficiências das salas de aulas. As salas superlotadas dessa escola caracterizam – se pela composição de um número elevado dos alunos oscilando entre 93 a 103.
A superlotação das salas de aulas dificulta a inteiração do aluno - professor pois, um professor está para 60 ou mais alunos tendo que lhe dar com as suas  dificuldades e problemas, tornando difícil acompanhar todos os alunos e deixar ficar o necessário.
Falar da relação professor-aluno é falar da essência de todo o trabalho que perpassa as acções pedagógicas. Esta relação deve ser uma das principais preocupações do ensino em Moçambique. Observa-se, que por não se dar a devida atenção à esta relação, muitas acções desenvolvidas no ambiente escolar acabam por fracassar. O aluno permanece com as suas dificuldades porque não lhe é dado o feedback do seu desempenho e o professor faz o seu trabalho simplesmente para “cumpri-lo” e já não por paixão.
Com turmas numerosas é menos provável o professor conhecer ou identificar as necessidades singulares dos alunos no processo de ensino e aprendizagem e ser mais prestativo.
            Fortes (2000), enfatiza que os alunos em turmas numerosas denunciam como mais problemática a falta de tempo e de disponibilidade dos professores para acompanharem a produção do conhecimento. Quando a turma é numerosa há grande desinteresse por parte dos alunos, porque enquanto o professor atende um aluno para descobrir a causa da dificuldade dele que não é tão geral, mas individual, os outros ficam sem atendimento.
O excesso de alunos em salas não gera qualidade, pelo contrário gera aprendizado ineficiente. Tratar da qualidade educacional sem debatermos este problema em nossas escolas, e tentar tapar o sol com a peneira (Elias, 1997).
Com os números maiores dos alunos na sala de aulas sempre não haverá boa colaboração no Processo de Ensino e aprendizagem, pois o ensinar e o aprender depende das condições e a disponibilidades dos intervenientes. O fracasso e o sucesso do aluno por exemplo depende do próprio professor saber diversificar as metodologias de ensino, e por outro lado para que haja aprendizagem eficaz depende do próprio aluno ter espírito de leitura, resumir as aulas, tomar notas e participar activamente na sala de aulas, então com um número elevado, o professor não consegue ou não conseguirá dar oportunidades a todos para contribuírem nas aulas pois o tempo é muito pouco (45 minutos), talvez só serão 3, 4, ou 5 para dar contribuição na sala de aula e os outros mesmo com interesse de intervir, passam a não ter espaço pelo facto de serem muitos.  
Jaminson (2000, p. 145), salienta que “um dos grandes embates na educação dos alunos esta centrada na motivação e acolhimento dos alunos”.
            Os resultados mostram também que os alunos da Escola em estudo, estão bem informados em relação a superlotação das salas de aulas, pois a maioria as suas respostas correspondem com o Artigo 42 de MEC - Moçambique (2008), que diz a composição das turmas deve ter a frequência média é de 50 alunos por turma normal.
Esta pesquisa deve servir mutuamente, na resolução ou minimização desse problema sugerindo o seguinte: o número dos alunos deve corresponder a 40 – 45 a cada turma, haja comunhão entre a escola e a comunidade na ao delinear as actividades e programas de cada ano e que haja mobilização, diálogo e organização da e na comunidade escolar, toda a sociedade, que precisa estar bem informada e preparada para argumentar com os sistemas educacionais.
Em suma, julgamos ter evidenciado os elementos em que nos apoiámos para a conclusão geral enunciada no início desta secção: de um modo geral, a Superlotação das salas de aulas e suas implicações, no Processo de Ensino e Aprendizagem, que constituiu o objecto de averiguação deste estudo. De um modo global, considerando os resultados, podemos dizer que a realização dos trabalhos no contexto geográfico do presente estudo, sobretudo nas turmas superlotadas, não se encontra suficientemente conseguida. Turmas com a dimensão das averiguadas, funcionando no espaço e tempo que lhes são atribuídas, não proporcionam nem aos alunos ambientes de aprendizagem e socialização suficientemente bons, nem aos professores condições de uma gestão eficaz dos mesmos, não obstante os esforços de todos os atores no sentido da minimização das dificuldades.
Espera se com esta pesquisa, a minimização da problemática, criando as condições suficientes das salas de aulas e o número suficiente dos alunos.

Referência bibliográfica

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[1] Estudante da Universidade Pedagógica delegação de Montepuez, Curso de Psicologia Educacional 4o Ano. Contacto: 849013918/862963173.
O artigo publicado no dia 30 de Marco de 2019.

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